28 de setembro de 2011

UBUNTU

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Não é possível ser feliz sozinho, precisamos compartilhar as vitórias.


"Sou quem sou, porque somos todos nós"




UBUNTU


A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, em Floripa (2006), nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu. Ela contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo; então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva. Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro. As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes. O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.


Elas simplesmente responderam:
"Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"
Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo.
Ou jamais teria proposto uma competição, certo?
 
Ubuntu significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!"
Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...
 
UBUNTU PARA VOCÊ!
 
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27 de setembro de 2011

REVOLUÇÃO FARROUPILHA

Mito, História, socialidade e marketing anual na festa da REVOLUÇÃO FARROUPILHA


Postado por Juremir em 21 de setembro de 2011 - História

Compartilhar sensações

Faz 30 anos que Jacques Lacan morreu. Deixou seguidores pelo mundo inteiro. Porto Alegre e Buenos Aires estão entre as cidades com o maior número de psicanalistas lacanianos. Resta saber a razão disso. Lacan era bom de sacadas: o inferno é o desejo, o saber se inventa, o sexo acontece no imaginário. Passou a vida pensando sobre essa tríade: imaginário, simbólico e real. Paulo Freire completaria 90 anos neste 2011. Ele “inventou” um novo saber sobre a educação no Brasil. Estou deliberadamente misturando coisas. As pessoas desejam vibrar em comum, compartilhar sentimentos, participar de uma corrente, gozar em sintonia. As que não conseguem isso, adoecem. Essas ideias saltam da obra de Michel Maffesoli. A vibração em comum depende de um elemento de agregação, no popular, de um ajuntamento, que pode ser verdadeiro ou “inventado”, construído a partir de pedaços de história verdadeiras, até se tornar mito.

As torcidas de futebol são ajuntamentos para vibrar em comum baseadas em histórias míticas, reais e simbólicas dos seus clubes. Por exemplo, sem ironia, a “batalha dos Aflitos”. A Revolução Farroupilha é o principal fator de agregação de gaúchos em busca do compartilhamento de emoções, de uma vibração em comum, de uma “socialidade” intensa, orgânica e prazerosa. Faz gozar. O mito fundador, o totem, a figura que atrai e organiza esses desejos infernais, precisa ser verossímil. A verdade histórica, nesse sentido, embora seja a obrigação do historiador, conta pouco nisso. O mito, frequentemente, é mais útil para esse estar-junto, essa orgia, no bom sentido, da confraternização, do orgulho e da autoestima. Paradoxalmente o mito deve ser defendido como verdade histórico para evitar que tudo se torne falso. Não se pode fingir uma crença. É necessário crer realmente naquilo que se professa. Assim, o historiador, aquele que enuncia uma pretensa “verdade”, é um estraga-prazer e deve ser repudiado como um reles falsificador.

Pois é, repito, quem diria que as ideias de um pensador francês, Michel Maffesoli, cruzadas livremente com as de outros, podem ajudar a compreender melhor a paixão farroupilha? Maffesoli certamente colocaria bombacha e iria para o acampamento. Veria o quanto esse imaginário serve para o que ele chama de “cimento social”, aquilo que mantém as pessoas unidas formando sociedade. Já falei disso. Eu me repito. Sou como as estações do ano. Um déspota esclarecido deveria mandar capar os historiadores, inclusive eu, tornando-os estéreis, para evitar fissuras nos mitos fundadores.

É provável, contudo, que o mito se alimente dessas contestações episódicas, ganhando anticorpos. Afinal, parafraseando Lacan, a história só acontece no imaginário. E, como tenho tentado explicar, todo imaginário é real, assim como todo real é imaginário. Vivemos boa parte do tempo em nossas fantasias. Aquele que segue um dogma, contudo, nunca poderá admitir uma interpretação herética como esta, pois já seria uma forma de desconstrução da sua crença. Os políticos e a mídia, pragmáticos, seguem a onda. Para que questionar aquilo que produz alegria, orgulho e leva a um gozo coletivo?

Quem quiser História, leia o meu História regional da infâmia, o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras, ou como se produzem os imaginários.

Quem achar que só quero vender livros, fantasia de quem não é escritor, que não o compre. Pegue numa biblioteca.

Ou, se gostar de emoções fortes, tente roubá-lo numa livraria.

Se for preso, o que seria merecido, teria tempo para ler e digerir tudo numa cela confortável.

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COPIADO DO BLOG DE JUREMIR MACHADO DA SIVA
http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=1476
 

22 de setembro de 2011

a verdade sobre a Revolução Farroupilha



HISTÓRIA REGIONAL DA INFÂMIA

Juremir Machado da Silva
A Revolução sem mitos

História regional da infâmia - O destino dos negros e outras iniquidades basileiras (ou como se produzem os imaginários) é um livro que contesta os mitos que por séculos sustentaram o imaginário acerca da Revolução Farroupilha. Juremir Machado da Silva, romancista, professor universitário, ensaísta, historiador e tradutor, juntamente com uma equipe de dez pesquisadores, se debruçou sobre 15 mil documentos para trazer à luz este minucioso estudo sobre as verdadeiras causas da Guerra dos Farrapos.

Assim como Jorge Luis Borges em sua História universal da infâmia, Juremir tira do pedestal da glória os grandes heróis da Revolução – Bento Gonçalves, David Canabarro, general Neto, Vicente da Fontoura, entre outros – e os devolve ao plano terreno dos mortais, revelando como interesses pessoais corroeram o lema revolucionário de “liberdade, igualdade e humanidade”. O autor também questiona a origem dos recursos financeiros que possibilitaram a Revolução Farroupilha. Por trás dos discursos abolicionistas havia o sistemático financiamento da luta armada com a venda de negros e promessas vazias de liberdade aos cativos que nela lutassem.

Sem receio de tocar em tabus da história gaúcha, Juremir alimenta a discussão sobre uma possível traição na batalha de Porongos, quando grande parte dos negros foi massacrada num ataque surpresa das forças imperiais, sustentando que a batalha não passou de um estratagema para o aniquilamento dos negros revolucionários.

História regional da infâmia revela em detalhes os bastidores dessa revolução de estancieiros gaúchos que, em quase dez anos de luta, contabilizou menos de 3 mil mortos – número que reduz o conflito a uma dimensão infinitamente menor do que aquela ensinada nas escolas. A partir da análise da mistificação criada por historiadores que não só incharam a história e a importância da revolta, como também deturparam suas principais causas e escolheram seus heróis, o autor mostra que a Revolução Farroupilha acabou bem – ao menos para os seus líderes, que foram regiamente indenizados pelos vencedores imperiais.

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